22 agosto 2008

Acordo Ortográfico Doméstico

De novo ouvi falar no "novíssimo" acordo ortográfico de português, que há cerca de 10 anos não reúne consenso dos países integrantes da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), e, adianto já que não concordo.
Porquê? Então era obrigada a escrever cada palavra que errasse num ditado não sei quantas vezes até não me esquecer, e, agora dizem-me que não valeu de nada escrever até a mão doer? Nem pensar!!!
Obviamente que o nosso queridíssimo Sr. Presidente Cavaco Silva não partilha a mesma opinião e pelo facto de Portugal ir presidir em 2009 aquele orgão, existe uma força do Sr. Presidente para que a partir deste momento as Editoras passem a publicar / ratificar os livros com a nova "grafia" para agilizar a informação de conteúdos.
Ainda bem que estamos em crise! Senão que mais o Sr. Presidente se iria lembrar?
A primeira coisa que me veio à cabeça quando ouvi alguns dos exemplos do novo acordo, foi que finalmente todos aqueles que assassinam diariamente a nossa língua passariam a ser os mais exímios escritores, e, todas as anteriores calinadas e descuido para com a nossa língua escrita deixaria de ter a miníma importância.
Já há alguns anos atrás o nosso Ministério da Educação, talvez para salvar a face de o exame de Português ter continuadamente uma taxa de aprovação fraquissíma, "limpou o sebo" a alguns "c" para ajudar alguns conterrâneos a escrever palavras tais como "acção" , "actuação", etc. que mal sabem pronunciar a palavra quanto mais escrevê-la.
Agoram decidiram "arrumar" com o resto, e, vão eliminar a maior parte da acentuação das palavras. Perfeito! Os asnos serão o Luizes Camões de amanhã!
Mas quanto a haver uma grafia generalizada para 7 países ( Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe) acho e não sou a única felizmente, um verdadeiro despropósito. Como vamos adoptar uma grafia comum, se as palavras para cada um desses países pode ter um significado diferente?
  • Exemplo 1: "Racha da saia" - No Brasil a "racha" é o orgão feminino da mulher e pode ser ofensivo a utilização do termo:
  • Exemplo 2 (e, mais que perfeito!) - "Eu vou ao talho comprar um lombo" (PT) / "Vou no açougue comprar um filé" (BR)

Se adoptarem ("adotarem" pelo novo AO) o acordo passaremos a ter conversa de idiotas, ou seja, todos falam mas nínguém se entende, e, se é assim entre Portugal e Brasil, não quero nem imaginar como será com adoptar termos e grafia da Guiné ou de São Tomé. Só sei que a Cova da Moura jamais será a mesma!

O engraçado é que há uns dias atrás aqui em casa, Joycindas e eu, tivemos de chegar a um consenso ortográfico e cultural, sobre a divisão de roupa para lavar quando Joyce introduziu a palavra "fundilhos". Eu fiquei com a distinta impressão que fundilhos seria roupa intíma, mas para não errar achei melhor confirmar com ela. Para que na dúvida não se gerasse uma crise de roupa suja cá em casa.

Agora imaginem só, se uma simples palavra poderia gerar uma crise doméstica de lavandaria, o que não fará a introdução de novos "Códigos" de Lei e justiça nestes países cujas sociedades e são tão desiguais!

Se calhar vou chamar essa grande heroína portuguesa, Super Mariza, para salvar a nossa língua!